Ao
fundo de todo o negro que era a minha mente enquanto dormia, o cantar dos
pássaros, antes irreconhecível, escondeu-se sob o rastejar dos carros. O
barulho de pneus e árvores agitadas pela brisa eram um choque de adrenalina e
calma para o dia que começava. De três em três segundos um ar quente rebatia em
meu rosto, a respiração de Alex um tanto afetada devido aos sequentes cigarros,
não muito diferente da minha. Dividíamos o mesmo travesseiro, depois das muitas
mexidas para encontrar uma posição confortável para ambos, estatelados em nossa
embriaguez e dormência pós-drogas. Logo me afastei de seu corpo molengo com
todo o cuidado, concluindo que a única coisa que almejava nesse momento era
corresponder a minha necessidade fisiológica e tomar um bom banho para retirar
o fedor da festa da noite passada.
Um
pouco depois de 6h30m entrei em meu quarto sacudindo-me de frio. Desde que
comecei a morar no apartamento, esqueci o que era tomar banho quente. Embora
tivéssemos o chuveiro, a instalação era absurdamente precária, com os fios
acessíveis ao toque, inclusive o da água. Entre sobreviver e congelar, sempre optava
a segunda alternativa. Após fechar a janela, que lançava insistentes rajadas de
vento, estapeando o meu corpo coberto por uma toalha, sentei-me na poltrona
desgastada suspirando alívio.
Numa
posição desleixada, observei o leito ocupado mordendo a ponta da unha. Quando Alex
dormia em sua cama, no próprio apartamento, ao lado da linda namorada, distraidamente
encarava o colchão bagunçado com desgosto e solidão. Sem vaidade, arrumava-me
com as piores roupas, triste e avoada, enfiando um óculos de sol de qualidade
duvidosa em meu rosto pequeno, odiando a força com que a luz dava-me bom dia.
Na época dos dreads, não penteava os
cabelos, depois de curtos, alisava-os apenas com os dedos tentando não perecer
tão esquisita. Em seguida, preparava um café encorpado, pondo-o no copo térmico
e pulando para a rua, matutando se teria sorte de pegar o metrô vazio e sem
atraso.
Era
uma infeliz lembrança, que rondou os pensamentos até a noção do agora estralar
dedos diante dos meus olhos. Alex estava em minha cama. Com a face encoberta
pelos fios soltos e embaraçados, o respirar lento, os braços sob o travesseiro,
a camisa branca erguida graças a confortável posição, as coxas vestidas até a
metade pela samba-canção de listras azul e branca, os pés descalços... Era o raro
reflexo de sua pureza. Em reverência, admirava-o sem constrangimento, pois
também assumira que vez ou outra fazia isso quando se acordava primeiro que eu,
por voltas das 5h. Às 6h50m, como uma agradável alucinação, Alex não se lançara
para fora do apartamento.
-
Poderíamos inverter as posições. Eu aí e você aqui... Muito mais atraente. –
ele brincou, com a voz abafada por rebater no travesseiro, tão sonolenta quanto
os olhos entreabertos.
-
E o que acha de dividirmos o mesmo lugar? – respondi, saindo da poltrona e
arrastando meu corpo na cama, mantendo a toalha cuidadosamente sobre minha
nudez.
Alex
se balançou ao olhar para o teto enquanto estendia um braço para me oferecer aninho
em seu peito. Encolhi-me manhosa, recebendo seus dedos em meus cabelos e o
beijo de bom dia na minha testa. Ficamos em silêncio, aguardando o desagradável
indício de que protagonizávamos a cena de um romance com final infeliz. Nada. O
ambiente quieto fez os meus olhos se erguerem para o seu rosto magro, habitat
de um sorriso delicado, prazeroso.
-
Nos veremos à tarde? – com Al bocejando, a frase quase partiu ao meio.
-
Só estarei livre depois das 16h, tem problema?
-
Não, nenhum. Os caras da banda estarão no estúdio e provavelmente trabalharemos
o dia inteiro nas músicas que preciso mostrar a eles. Talvez tenha que esperar
um pouco se chegar no meio de algum som.
-
Tudo bem, sem pressa. De qualquer maneira vou precisar acompanhar um pouco da
produção para entender o álbum, não é? Esse tipo de coisa terá que se encaixar
na minha rotina. – respondi pensativa, deslizando meus dedos em seu tronco.
-
Estou tentando me decidir se fico acanhado ou motivado ao vê-la conosco. – ele
sorriu timidamente, e retribuí, balançando a cabeça.
-
Tente não pensar nisso e deixe as coisas fluírem naturalmente.
Al,
pigarreando, sussurrou um “vou tentar”.
De
acordo com o rádio relógio no criado-mudo, o tempo acelerou num piscar de
olhos. Sentando-me, senti a toalha deslizar na pele, enquanto assanhava meu
cabelo em distração. Erguendo-se atrás de mim, Alex dedilhou seus lábios
molhados em minha nuca, passando os braços em meu ombro e levando-me para perto
de si.
-
Só agora percebo o quanto sentia falta disso... – murmurou.
Entregue
as dadas sensações de arrepios que vinham de sua boca, fechei os olhos
suavemente durante segundos. Libidinosa, soltei a toalha e, de frente para ele,
sentei em suas pernas cruzadas. Apressadamente nos beijamos, meu quadril
pressionando sua ereção matinal, cientes do horário de ambas as partes,
trabalhando com afinco e afobamento. Retirando a camisa de Alex, recebi sua
boca em meus seios, reagindo com arranhões suaves em suas costas que se moviam
sob minhas unhas irregulares, estas deslizaram em seu peitoral, a mão
decrescendo entre nossos troncos.
Ao
atingir o pênis coberto pelo tecido de algodão, Al entregou-se num suspiro, mordiscando-me
com rápida força. Zonza com o dedilhar de seus dedos em minha vulva, criamos um
joguinho insinuante, resistindo a tentação de completar o ato, alcançando o
orgasmo. Em atos desesperados e sedentos, de um casal que há muito não se
tocava, entramos em uma luta para repreender os gemidos, reduzidos a sussurros
incompreensíveis, temendo acordar meus amigos e ao mesmo tempo amando
prazerosamente esse temor empolgante.
Cavalgando-o,
tomei controle do seu deleito, desfrutando a lentidão inicial que se chocava
com a ânsia de Alex. Ao segurar o seu rosto, pressionei a ponta das minhas
unhas contra a sua delicada bochecha, perguntando sensualmente em seu ouvido:
-
Você acha que merece tudo isso?
Lentamente
Alex abriu os lábios ressequidos, fincando os dedos em minha coxa, num implorar
que resultaria hematomas. Em um empurrão perverso, deitei-o na cama, impedindo
a pronuncia de qualquer palavra em defesa. Fora o complemento para a minha
excitação. Aumentando gradativamente o balançar, gozei como uma tonta, logo
correspondida pelas contrações de seu corpo.
Éramos
pedaços de carne trêmulos, congelados e molhados, uma mistura de vermelho e
branco na extensão de nossas peles acima do sangue pulsante. Desabando sobre
ele, molestei meu pulmão com grandes quantidades de ar, em seguida
expulsando-as com intensidade. No tempo que perdemos em recuperação, Alex
parecia lutar contra o que eu perguntara minutos antes, lançando rápidos
olhares de desculpa, cessados apenas com o meu balançar de cabeça, um
silencioso “ignore”.
A
hora seguinte foi reservada para nos arrumarmos. Ele em seu rápido banho vestiu
as mesmas roupas da noite passada, assistindo televisão e se informando sobre
as primeiras notícias do dia. Eu, depois de pronta, preparei tudo o que seria
necessário para as próximas horas fora de casa, já que chegaria perto da
madrugada. Nenhum fofoqueiro presenciou quando gentilmente Al segurou o meu
café e mochila para que eu fechasse a porta. Ao andar nos corredores vazios do
prédio, sua mão, que dificilmente se arrastava em minha direção em ambientes
públicos, agora segurava as pontas dos meus dedos sem timidez.
Em
frente ao prédio residencial havia um telefone público, tão pichado quanto o
hidrante a dois passos dele. A filha do senhorio, dona da floricultura ao lado,
adorava atormentar a companhia telefônica com ligações de reclamações sobre os
fios cortados do poste. E assim tão cedo um bocado de trabalhadores com roupa
cinza resmungavam por aquela ser a terceira vez em duas semanas que voltavam
para arrumar o mesmo telefone. Ao compreender a história, sorri em direção a
Alex, esperando o tradicional abraço e despedida amigável. Em horários
diferentes, em dias distintos, praticávamos os mesmos gestos de amizade, no
mesmo local, entre o telefone e a floricultura. Ele passava os longos braços
sobre os meus ombros, dando um beijo carinhoso em minha bochecha e, nas costas,
repetidas batidas de afeto.
Não,
não. Não dessa vez.
Eu
estava surpresa, não só por termos pulado a despedida, mas por sua mão ainda
segurar a minha. Alex continuou a caminhar ao meu lado, perguntando
atenciosamente sobre a minha mãe ou falando dos planos para uma futura semana
de folga. Mal consegui reprimir o olhar questionador que lancei antes de reagir
ao seu surpreendente tagarelismo. Al retribuiu em um sorriso único, que
dispensava qualquer explicação falada.
Foi
na Universidade que viemos dizer “tchau”, depois de ruas e mais ruas, a maioria
andada a pé, fazendo pausa apenas para o metrô. Alex olhou-me por um tempo
demorado, um tanto misterioso. Parecia contente e duvidoso, uma mistura incerta
de ambas as partes, que quase causaram um calafrio em meu corpo. Ele me deu um
abraço firme, acolhedor e amoroso, sussurrando em meu ouvido sentimentos que
nunca expôs. Fiquei anestesiada, pressionando meu nariz e lábios em seu ombro,
tentando conter um sorriso desvairado.
No
final tudo aquilo me deixara desconcertada. Uma sequência de felicidade e
tragédia tomou conta dos últimos meses, mas os dois últimos dias se esforçaram
para limpar as manchas cinzentas de insatisfação. Eu precisava gritar, pular e dançar
o desabafo entalado em minha garganta. Portanto, não dei atenção aos
cumprimentos divertidos de Ryan, muito menos a monótona conversa sobre a
atividade de uma das aulas que tanto estava tendo dificuldade para fazer. Da
minha bolsa retirei uma agenda e na última folha, abaixo de números de
telefones nunca ligados, escrevi com a caneta preta algo que assinasse o fim
das horas de êxtase.
“Dia 1 de junho, 2009: primeiro dia que ele me
fez completamente feliz.”
*
* *
Chameleon.
Perguntaram-me se tinha uma tatuagem, respondi com um balançar negativo de
cabeça. Disseram que eu deveria pensar no assunto, então disse que tudo bem.
Nos primeiros dias americanos transava com um tatuador e todos o chamavam de Joe.
Eu nunca o chamava.
-
Alice, você é como um camaleão, adaptando seus sentimentos as circunstâncias. –
ele sussurrou em meu ouvido, deitando a cabeça em meu busto.
-
Tatue-me.
-
Como?
-
Tatue o que pensa de mim em qualquer parte do meu corpo.
Joe
parecia um brutamonte com um metro e noventa de altura. A barba farta, o
peitoral de pelos aparados, os braços torneados... Se eu não tivesse me
envolvido com Alex, ele seria meu par perfeito, o caçador da cidade grande. Não
por seu físico, embora na época o tratasse como um pedaço de carne que se
enfiava entre minhas pernas, mas pelo seu coração caridoso e o contraste da
aparência agressiva com a paz de sua aura.
Sob
a luz das velas deitou o meu corpo nu na cadeira reclinável. Há muito
trabalhava em casa, recebendo os clientes em qualquer horário do dia, bastava
agendar com o seu colega de profissão.
Joe
deslizou os olhos castanhos escuro em minha pele clara.
-
Dizem que os camaleões descamam no processo de crescimento. Poderia marcar
qualquer parte em você. – acrescentou pensativo.
-
Faça no seu pedaço favorito.
Desinibida,
pus-me de bruços, erguendo sugestivamente as nádegas. Joe deu uma gargalhada
alta, quase tímida, ao entender que conhecia seus gostos. Enquanto fechava os
olhos tentando não me preocupar com a dor resultante do meu atrevimento,
deixei-me envolta por Interzone, que inundava o ambiente. Peguei no
sono na mesma posição, acordando no dia seguinte com a nádega esquerda
formigando.
“Pinte
o que sente.”
Atividade
aparentemente fácil a que o professor de pintura passou. O problema é que Joe
estava certo. Alice Murray é um camaleão de sentimentos, sentimentos adaptados
a circunstâncias. Como pintar o que sinto se, além de minha constante
melancolia, não há nada aqui que seja fixo? E se eu transpassar para o quadro
algo que é importante para o momento e em dois segundos perdeu tal privilégio?
Atarantada,
saí da sala de aula tonta. Ryan disse que eu deveria mandar a minha insegurança
se foder... Fácil para ele, que poderia pintar qualquer coisa como um gato num
quadro de um esquizofrênico. No atelier da Universidade peguei os materiais
necessários e aos tropeços caminhei pelos corredores. Entretida com a
atividade, mal percebi que Pam chamava o meu nome.
-
Alice! – ela acenou em um dos bancos pretos do pátio principal.
-
Cara, o que faz aqui?
Ao
chegar perto, não pude disfarçar o olhar impressionado. Pam evitava qualquer
contato com a Universidade desde que desistira do curso de Jornalismo.
-
Será que podemos passar a tarde juntas? Tô numa bad daquelas. – disse, assumindo um porte diferente da habitual
diversão.
-
Tudo bem. Vamos para o Central Park? – sugeri, empurrando a tela 40x50 para
debaixo de seu braço.
No
caminho passei num café, já que o meu durara muito mal uma hora. Enquanto
comprava um puro e sem açúcar, minha amiga estava do outro lado da rua, dentro
de uma mercearia, escolhendo uma vodca de sabor duvidoso. Taaka. E o nome era
absurdamente ridículo.
Nas
primeiras vezes que visitei o parque, senti-me enclausurada. As garotas de
óculos Louis Vuitton, mais caro que toda a minha vida, ou os esportistas de
rosto afilado... Toda aquela perfeição era de arrepiar. Sempre vi com maus
olhos a perfeição. O imperfeito tem história, a perfeição é entediante.
Frequentar o Central Park era entediante. A natureza perdia o encanto, a
mistura de árvores e pedras irritava-me, e até mesmo os animais pareciam deformados
alimentados por amendoins e milhos artificiais.
Pamela
e Mike apresentaram o outro lado do parque que a minha decepção se recusava a
enxergar. Eu nunca havia ido até o lago. Nele, era muito mais difícil se
incomodar com a riqueza ou o vício do corpo escultural alheio. Os patos eram
incrivelmente graciosos, os esquilos ainda corriam entre os troncos e os
cachorros latiam educadamente ao lado dos donos. Sob uma árvore, estirávamos a
tradicional toalha de camurça em quadriculado preto e branco, colocávamos uma
música no portátil rádio gravador laranja e bebíamos vodca ou cerveja discutindo sobre a
paz mundial, os melhores soundtracks
de filmes, os amigos próximos e, quando bêbados, os assuntos que nos
entristeciam.
Agora
repetíamos o ritual. Preparadamente Pam jogou sem o mínimo cuidado a toalha
sobre a grama, estirou o seu corpo nela, olhando para os altos galhos um bocado
pensativa. A essa altura já havia esquecido os meus problemas com o trabalho do
curso, também ignorando a suave tranquilidade que era ter Alex Turner quebrando
as regras. Sentei ao lado de Pam, roubando a vodca de sua mão e pingando poucas
gotas no meu café. Dei um tapinha em sua perna, incentivando-a.
-
Vamos, desembucha.
-
A vida é uma merda mesmo, né? Você acredita piamente que tudo dará certo e de
repente percebe que o maior pecado que pode cometer contra si é se iludir que terminará
bem.
De
súbito entendi o que falava, embora tivesse certeza que os meus problemas fossem
diferentes dos seus.
-
É uma mudança constante, tudo o que vai, volta. Seguindo o caminho
aparentemente certo, as coisas devem terminar bem. – respondi com a voz rápida
e positiva.
-
Você acredita nisso? Tipo, realmente, realmente mesmo, acredita nisso? – Pam
virou os duvidosos olhos esverdeados para mim, acentuando sua beleza que
remetia a vitoriana, embora fosse uma típica garota de Nova Iorque.
Dei
um sorriso frouxo, levando uma mexa do fio de cabelo castanho para detrás da
orelha. O dedo indicar batucou desconfortavelmente sobre a mancha de café no
copo de papel.
-
Não. – balancei a cabeça – Não há essa história de caminho certo, nem de
indícios. Se o destino achar certo bater em sua cara te mandando voltar duas
casas, ele fará isso sem aviso prévio.
Recebendo
a resposta sincera que esperava ouvir, Pam continuou a admirar o balançar das
folhas no alto da árvore.
-
Sempre me achei muito madura, decidida, a dona da razão. – ela deu um sorriso
debochado e corrosivo – Veja só como estou agora, na bosta do fim do poço!
-
Por que diz isso?
-
Estagnação, Ali. Não sei que caminho seguir. Eu queria cursar Jornalismo,
desisti. Tentei um curso de Dança, nunca fui e nunca serei aceita. Faço
participações em filmes independentes pra ganhar uma mixaria, apareço em clipes
de músicas que jamais farão sucesso... Há meses estou tentando me iludir que é
uma estagnação passageira, mas começo a perceber que se continuar assim, ela
será eterna.
-
É o que nos é imposto. Ou fazemos algo
ou somos lixo. Se você tem 18 anos e quer se divertir, não terá uma vida digna.
É a constante busca pelo luxo, pela riqueza, superficialidades, grandes feitos.
Às vezes a pessoa só quer um teto, amigos e filmes em preto e branco.
-
Bem, eu me encaixo no último grupo. E você?
-
Com certeza.
Demos
de ombros, disfarçando um sorriso divertido, levando nossas respectivas bebidas
à boca.
-
O problema é que tenho um aluguel para pagar, a conta da energia, roupas,
comida e todas essas porcarias que os seres humanos precisam para sobreviver.
-
Não se pressione tanto, Pam. Enquanto eu e a Susie pudermos encobrir suas
despesas, nós faremos isso.
-
Não, não é certo. Se continuar desse jeito, vou ter que deixar vocês com o apê.
O combinado era cada uma pagar sua parte e, caso eu não cumpra com o acordo,
tenho obrigação de arcar com as consequências.
Concordei
um tanto contra gosto. Pam falou tais coisas por orgulho e honra. Ia além da
amizade, pois se sentiria uma inútil se prosseguisse como um peso em nossas
vidas. Foi o que captei analisando o momento e sua personalidade.
-
E o que você vai fazer?
-
É por tal motivo estou aqui, Ali. Eu não sei!
-
O seu antigo chefe, ele te aceitaria de volta na lanchonete?
-
Para me ver roubando seu caixa novamente?
-
É, você não devia ter feito aquilo, foi uma puta pisada de bola. – repreendi
com leveza, tentando não soar agressiva.
-
Não me arrependo. Aquele filho da mãe nos explorava todos os malditos dias com
horas a fio de trabalho, para no fim da semana pagar uma ninharia. – Pam
sentou-se um tanto irritada – Sabe o que a Sally me contou essa manhã? Que o
desgraçado me queimou nas lanchonetes da área, avisando aos outros donos para
não contratar nenhuma ladrazinha branquela.
-
Está aí a explicação para vê-la tão tristonha hoje. – abracei-a de lado, com o
máximo de carinho possível – Tudo se resolverá Pam, você vai ver. Se não pensar
positivo, quem o fará por você?
-
Talvez a Susie? Se bem que aquela ali...
Começamos
a gargalhar, nos deitando sobre a toalha. Com as cabeças apoiadas nos braços,
compartilhamos a vodca até além da metade. Acompanhei Pam por mais algum tempo, mudando
o rumo da conversa para um assunto menos deprimente. Ela tentava se convencer
que em um momento ou outro a sua vida sofreria uma reviravolta, eu contribuía
para a sua crença. De repente me peguei pensando sobre os finais felizes, se
sentia alguma dúvida em relação a eles. Era um assunto recorrente em minha
cabeça, devido a constante montanha-russa. Provavelmente anos depois pensaria
sobre o mesmo assunto, com dificuldades para variar, afinal, é tudo o que o
homem busca. Ao olhar para a longa estrada chamada futuro, compreendi o seu
embaçar. Aprendi a não formular certezas, criar expectativas, traçar planos
seguidos fielmente. Preferia ser surpreendida, pelo bem ou pelo mal. Do mal, eu
poderia tirar lições que contribuiriam para que meus erros tomassem proporções
diminutas. Do bem, a recompensa pelos maus bocados que enfrentava.
-
Tudo o que vai, volta. – murmurei em meio ao silêncio da conversa que pausara.
-
Sim, Ali. Tudo o que vai, volta. – Pam repetiu e deu um sorriso esperançoso.
* * *
N/A: sei que postei dois capítulos sem grandes novidades, mas a intenção foi aprofundar um pouco a relação positiva do Alex e da Alice, que até então não havia sido explorada. Na próxima atualização haverá aqueles tradicionais comentários da Ali sobre passagem de tempo e assim a história começará a se encaminhar para o final. Sejam pacientes! Obrigada pelos comentários do outro capítulo ♥ Só tenho a agradecer as leitoras que retribuem dessa forma o que escrevo. Se quiseram falar alguma coisa comigo, sobre Humbug ou não, só me procurarem no Ask. Até semana que vem! xx
Disse que tava comentando ontem to comentando só agora, perdão haha
ResponderExcluirEsse capítulo ta lindo!!! Eu fiquei tão feliz pelo Alex ser tão fofinho com a Alice, e esse “Dia 1 de junho, 2009: primeiro dia que ele me fez completamente feliz.” oxeeeeee meu coração não aguenta <3 <3 <3
Ta na disputa entre meus capítulos favoritos!
E ela ficou tão tranquila quanto ao relacionamento dela que nem ficou se perturbando com ele como fazia antes, a Pam precisava de ajuda e ela era toda ouvidos. A melhor coisa é quando estamos felizes conosco e aí tudo fica bom também hahah
Ansiosa pro capítulo sete, que eu já sei que é maravilhoso!
Beijos, Bea
Nem a Ali estava se aguentado e não podia desabafar com o coitado do Ryan! O pior que naquele dia eu tinha me esquecido que tinha te passado o cap. 7 e fiquei: oi? Como ela sabe? kkkk Eu acho que ainda assim gosto mais do 7 <3 por causa daquela parte em Sheffield (spoiler detectado).
ExcluirVerdade, não tem coisa melhor que estarmos felizes com a gente e podermos nos dedicar aos outros. Foi uma maneira de mostrar que a relação da Ali e dos amigos não é apenas farra, também tendo esse lado de apoio para momentos difíceis.
Quando tiver coragem atualizo, tô meio "blah" esses dias hahaha
Beijos <3
Acho que o Alex tá finalmente começando a perceber que gosta mesmo da Alice, gente que fofo <3
ResponderExcluirEsse capítulo ficou lindo, única coisa ruim é que já tá chegando o final :(
Vou dizer pela milésima vez acho, mas sua fic é (SUPER) perfeita <3 <3 Quero esse Alex pra mim rrsss
Imagina ter um Alex desse todo amorzinho só para você? De preferência sem a situação infeliz dele ser comprometido hahaha Obrigada mais uma vez pelo elogio e pelo comentário, Rúbia <3 Fico super contente quando chego aqui e vejo seu nome.
ExcluirBeijos enormes e até a próxima atualização xx
Fiz dois comentários mas o mundo sumiu com os dois! Já sem inspiração e chateada estou comentando por questão de honra e porque esse capítulo merece todos os elogios! Perfeito, Bia. Estou apaixonada.
ResponderExcluirBeijos, Steph.
Olha o que tu me fez fazer, gastar os últimos centavinhos de crédito que tinha no celular para ler esse capítulo Mas valeu a pena, adoro até como você descreve o sexo. Ai Bianca, sai daqui!
ResponderExcluirBjos, Babs