Stuck On the Puzzle 07: Tape Song.

N/A: Queria agradecer pelos comentários no último capítulo. Vocês são lindas, viu? Boa leitura pra vocês.

Alex POV.

Marine aproximou-se. Jamie ainda conversava com a namorada na frente do balcão e eu não me importei muito com isso. Se não fosse por ele, aquela criatura maravilhosa não estaria sentada bem na minha frente.

O primo de Nick iniciou uma conversa animada com ele, que parecia responder a tudo de uma maneira sutil. Ao meu lado, Matt tagarelava sobre detalhes infinitos da mesma festa desinteressante que havia presenciado.

A cena se repetia, desta vez em um local diferente. Fingi ouvir a tudo que Matthew dizia, mas na verdade eu ainda observava Marine. Eu nunca havia me sentido assim antes, nem mesmo pela minha própria... Namorada. Conheci a garota ontem à noite e estou completamente fascinado pela sua beleza incessante, deve ficar bonita até mesmo chorando. Seus olhos me pareciam mais agradáveis do que quaisquer outros.

Definitivamente mais agradáveis do que os de Alexa, considerando as circunstâncias atuais.

Não, não. Foi exatamente o que Jamie disse. Ela é só uma garota e eu sou só um cara carente.

“Olá, Matt. Alex.”

Oh, merda.

“E aí? Fiquei sabendo que você vai ao show de amanhã.” Disse Matt, interrompendo por completo a falação no meu ouvido.

“É, eu vou. Mas eu quero saber, vocês são bons?”

O modo como ela falava! Não é à toa que Ellie havia nos avisado sobre a irmã atrevida dela.

“Ao vivo, principalmente.” Eu disse, depois de um gole na cerveja.

“E quem garante?”

“Eu, nossos fãs, a NME...”

“E se eu tiver uma opinião diferente?”

Olhei para Matt, que me respondia com o mesmo olhar. Cara, aquela garota não era fácil.

“Bom, isso só nós vamos descobrir assim que o show terminar.”

Um sorriso misterioso e intrigante formou-se nos lábios de Marine.

“Mal posso esperar, então.”

Aquele sorriso era como a escuridão. Sedutora, provocativa e te deixava louco para saber o que escondia.

Porém, em certos casos, aterrorizante.

Matthew riu e voltou a falar incessantemente sobre a festa. Não. Eu precisava conversar mais com ela.

Pisei em seu pé, deixando claro que eu já estava farto daquilo.

“Ai! Meu pé!”

“Matthew, seu tolo, não percebeu que a garota aqui está com fome e sede?”

“Precisa pisar no meu pé, filho da puta?!”

Marine riu com a situação. Ótimo, isso era sinal de que meu truque havia funcionado.

“Ande logo, não quer que ela morra de fome, quer?”

Helders virou-se, expondo ambos os dedos médios. Mais uma vez, gargalhamos, e então me voltei ao que realmente interessava: deixar aquela garota caidinha por mim.

Marine POV.

Pensei que provoca-lo seria divertido, afinal, dava pra ver que ele queria algo comigo, o que era tecnicamente impossível. Ele conseguia manter o charme mesmo assim, e isso me perturbava.

Acontece que eu tenho essa mania estranha de brincar com fogo, mas parece que eu vou me queimar desta vez.

Eu era quieta, sempre fui, desde os onze anos de idade. Alex Turner não sabia respeitar isso, puxava assunto com qualquer coisa relacionada a mim. Pelo menos eu respeitava o fato de que ele estava alterado por causa da cerveja.

“Ei, jovenzinha, quero ver se você sabe a resposta para essa questão.”

“Manda.”

“Por que as mulheres tem que ser tão complicadas?”

“Nem todas são.”

Turner finalizou a bebida num longo gole.

“Por que me perguntou isso?”

“Eu... Deixa pra lá, não importa.”

“É mesmo? Essa garrafa vazia diz o contrário.”

“Eu bebo porque eu gosto.”

“Uau, você deve adorar coisas amargas então.”

“É, principalmente esse seu jeitinho.”

Ele murmurou, mas eu ouvi perfeitamente o que eu não queria.

O baterista voltou com batatas fritas, ketchup e Coca-Cola. Maravilha, minha refeição preferida.

“Se eu fosse você maneirava no ketchup.” Disse Alex.

“Por que?”

“Não quer um monte de espinhas nesse rostinho lindo, quer?”

É, eu sorri, mas não o suficiente para que ficasse certo de si.

“Tenho dezesseis anos, o que você quer? Que minha cara seja lisa?”

“Só estou avisando.”

“Não precisa me avisar nada, papai. Eu sei cuidar de mim mesma.”

Alex engasgou com a batata e aquilo me fez gargalhar por dentro. Do jeito que eu sou, apenas encarei-o com um sorriso fraco.

“Você tá bem?”

“Estou. Só preciso de uma cerveja.”

Alex levantou-se e saiu dali. Nisso, foi a vez de Matt conversar comigo. Falou sobre uma festa, onde conheceu uma modelo incrível e bela e também comentou que pretendia arranjar um espaço para ela em algum clipe da banda. Essa festa deve ter sido boa pra caralho, porque ele não calava a boca.

Enquanto ele falava, muitos pensamentos rodeavam a minha mente. Um deles era o de que faziam dez minutos que estávamos – ou pelo menos ele falava daquilo, e um certo rapaz de cabelos caídos na cara não havia voltado até então. E o outro era o que me fazia achar que algo tinha acontecido.

Provavelmente um bartender ocupado.

(...)

“Ele não voltou até agora, que porra?”

“Onde ele disse que iria?”

“Disse que ia pegar mais uma cerveja, nada além disso.”

“Merda.”

Jamie puxou os cabelos para trás. Todos os telefonemas foram em vão, já que Turner não atendera a um sequer. Eu não queria conversar com ninguém, todos se preocupavam com um cara que já estava grandinho demais para ficar de babá e não tinha nada pra fazer.

Eu queria morrer.

Saí dali sem que ninguém percebesse, não que alguém se importou em perceber. Estavam ocupados demais fazendo aquele drama todo.

Espremi-me entre um grupo de caras que estavam parados diante da porta. Estes tiveram a graça de soltar cantadas e assobios que ignorei sem nem fazer força.

O sol não havia se posto por completo, mas o céu já escurecia. A essa altura, mamãe já estaria preocupada comigo e com minha irmã, mas eu não decorei o caminho de volta. Que pena.

Resolvi caminhar por ali. Dar a volta no quarteirão, talvez. Resultaria em menos preocupação.

Foram alguns metros andados, até eu ver Alex sendo jogado para fora de um pub. E querem saber? O pobre coitado parecia não lembrar nem o próprio nome de tão bêbado.

“Ouch.” Reclamou, ajeitando-se no chão.

Fiquei parada, observando-o por um tempo até que ele percebesse que eu estava ali.

“Marine!” seus olhos brilharam.  “Eu já ia voltar...”

“Ia, sei” eu disse. “De qualquer forma, eu só estava dando uma volta. Aquela falação na lanchonete estava deixando enjoada, já.”

“Oh” de repente, seu olhar caiu. “Devem estar preocupados. Eu...”

“Vai me dizer por que você ‘tava aí, se matando de beber, ou não consegue?”

 “Bom...” hesitou. “Problemas com a namorada, nada demais.”

Sentei-me ao seu lado. “Se não fosse nada demais, não estaríamos aqui.”

Mesmo assim, nada saiu.

“O que aconteceu?” foram as três palavras que fizeram efeito o suficiente para que ele caísse em lágrimas sobre meu ombro. Por mais que aquelas lágrimas não parecessem tão convincentes assim.

“Ela me esnoba, Marine. Me ignora. Você sabia que, sempre que escrevo uma música, penso nela?”

Enquanto isso, fuçei seu bolso, procurando pelo celular. Apertei o botão, a tela indicava trinta e cinco ligações não atendidas.

“Ah, qual é? Não acredito. Há quanto tempo estão juntos?”

“It’s true, though!” persistiu. “Desde 2007.”

“Minha nossa!”

“Pois é.”

Tá certo, ele parecia bem triste. E eu era péssima com conselhos. Mas Alex estava em estado deplorável, eu precisava fazer alguma coisa.

“E você... Bebe até cair pra esquecer?”

“É. Clichê, mas é.”

“Isso é fodido, Turner. Fodido. Uma pessoa que te esnoba não merece uma gota de álcool descendo pela sua garganta, muito menos uma lágrima escorregando no seu rosto.”

Ele se curvou para mim, e então desfrutei de seu olhar. A maneira como ele me encarava era absurdamente... Sei lá. Já teve o pressentimento de que algo ruim está para acontecer?

Pois bem, instantes depois de sentir sua mão um pouco molhada no meu pescoço, ele me beijou.

Levei três segundos para fazer o que devia ser feito e me separei dele. Durante esses três segundos, não movimentei um músculo, apenas senti-me arrepiar enquanto seus lábios mexiam contra os meus.

“Me desculpe. Eu só...”

Respirei fundo. Queria gritar, fazer ele ouvir umas poucas e boas. Mas algo me impediu, e eu não sei o que foi.

“Esquece, Turner. Só não faz isso de novo.”

“Oh, Deus. Isso foi estúpido. Me desculpe.”

“Sim, foi estúpido. Não é porque você ‘tá em crise que tem que sair beijando a primeira que vê pela frente.”

“Eu só preciso de tempo, é isso.”

“Não. O tempo não vai te curar, e sim te machucar.”

“E o que você sabe sobre o assunto? Olha só para você, tão jovem, não sabe as merdas que te esperam nos próximos anos.”

“Sei o suficiente para não acabar com apelido de bebum.”

Seu olhar de desânimo deixava muita coisa explícita, exceto a de que eu era mais uma garota de consolo.

“O que eu faço?”

“Siga adiante.”

“Como?”

“Eu sei lá! Termina com ela, se é o que você acha certo.”

“Eu acho muita coisa certa, Marine, principalmente as que são genericamente erradas.”

É, hora de ir.

“Eles vão te achar aí. Até amanhã.”

Me levantei e segui em frente, deixando aqueles pensamentos de lado, e Alex também.

Infelizmente, a caixa de lixo pela qual eu havia passado derrubou-se instantes depois. Isso deixou claro que ele me seguia.

“Hey.”

“Hey.” Imitei-o.

“Eu... Preciso de modos. Eeh... Quer ir tomar um café? Não, um refrigerante. Espera, você acabou de lanchar. Bom, que tal-”

“Alex” calei-o. “Quero qualquer coisa, menos ficar aqui.”

Ele sorriu. “Perfeito, então.”

Começamos a caminhar em silêncio. Um silêncio confortante. O que me deixava mais confortável ainda era que estávamos virando a esquina, deixando um erro para trás.

“Então... Você ainda vai no show de amanhã?”

***

N/A: Pessoalmente, eu gostei bastante desse cap., espero que vocês também, né. ^^ 

Anyways, que tal vocês deixarem aí um recadinho?