505 2: Mess!

N/A: Obrigada pessoas que comentaram o primeiro capítulo *morrendo de emoção*, ia dar mais mistério para a att mas resolvi não ser tão má assim. 

No dia seguinte acordei ao som de batidas de campainha, estava tonta e com sono, saí atropelando tudo pela minha frente, tropeçando em tudo, xingando tudo, não escovei os dentes, não comi, e isso minha barriga mostrava que eu precisava urgentemente, muito menos penteei meus cabelos, eu devia estar parecendo uma medusa cheia de olheiras na cara.
Com dificuldade causada pelo sono, abri a porta do apartamento, vendo que um Alexander na mesma situação que eu me olhava sem graça.
- Daniela? – Ele perguntou olhando para mim sem graça enquanto eu colocava as mãos na minha cintura, e acenei positivamente com a cabeça. Eu adorava quando diziam meu nome, mas na voz dele tudo parecia ficar mais bonito, senti meu corpo se arrepiar, e coloquei a mão no braço para conter. – Quero pedir desculpas por ontem, por ficar bêbado na porta do seu apartamento e por... Isso. – Ele tirou do bolso o papel da noite anterior. O “Daniela”, acompanhado do número do meu apartamento, nas letras dele. Abaixo, minha grafia bem desenhada fazia uma espécie de contraste.
- Ah, não, tudo bem. Achei estranho, só isso... Aliás. Não faço nem ideia do seu nome. – Menti. Eu sabia o nome dele. Ele olhou para mim sem graça, e começou a rir, estendeu a mão direita e se apresentou.
- Prazer, Alexander, Alex Turner. – Sorri e apertei sua mão em resposta. Então pelo visto ele não era conhecido pelo seu nome de batismo.
- Ah senhor Turner, quer entrar? Não sei você, mas estou morrendo de fome. – Ele acenou com a cabeça positivamente. Dei espaço e ele passou por mim. Ele ainda estava com cheiro de bebida.  – Primeiramente, desculpa pela bagunça, tanto da minha pessoa quanto da minha casa.
Ele começou a rir aquele riso irônico de novo enquanto entrava na primeira porta a direita, a cozinha. Fiquei com vontade de jogar uma pedra na cabeça dele. Ele puxou um banquinho do balcão enquanto eu ia até a cafeteira colocando o pó, filtro e a água nela. Alex parecia me observar, olhei para trás e ele não desviou o olhar. Ficou me encarando como quem esperava alguma coisa, alguma ação.
- Quero saber o que você viu da minha casa na noite anterior. – Olhei para ele e ergui uma sobrancelha em dúvida, algo me indicava que a casa dele era uma espécie de covil secreto para ele. Dei de ombros e fui direta.
- Umas guitarras... – comecei a listar e ele logo começou a rir novamente, olhei para minha mão e vi que o saquinho de café compacto parecia uma arma bem válida. Acho que nem se eu espancasse Alex ele ia deixar de ser lindo daquele jeito.
- Sou músico. Tenho uma banda de indie rock, sou famoso, sabia? Conhece os Arctic Monkeys? – Dei de ombros e neguei com a cabeça, se era famoso eu nunca ouvi falar nele, nem na banda dele. Então continuei a listar tudo que sabia sobre ele e a casa dele.
- Uns cadernos, mas é só. Ah, e uma música, ou poesia, não sei, só sei que eu achei muito bonita. – Ele ficou pensativo, acho que ele parecia ter muitas músicas que ele considerasse bonitas, pois passou um bom tempo pensando. Resolvi dar a dica:
- Uma que citava você estar voltando para o seu apartamento. - ele abriu um sorriso presunçoso enquanto eu me concentrava em não olhá-lo.
- Ah, aquela... Realmente linda... — pude ver que  essa era realmente a opinião dele sobre a música. Dei de ombros esperando talvez que ele pedisse algo. Enquanto eu apenas sentei ao seu lado e esperei o café ficar pronto. Lembrei então do papel cujo meu número eu havia escrito na noite anterior.
- E aquele papel com meu nome escrito nele. Você me mostrou, lembra? — Soltei sem me importar muito com o que ele fosse dizer ou pensar. Ele olhou para mim e sorriu.
- É, eu sei. – Ele riu com certa ironia. Rindo de uma piada sem graça, algo como se fosse só dele. De novo, debochando de mim. - Aposto que quer saber o motivo pelo qual seu belo nome estava lá não é? — fiz que sim com a cabeça, mesmo odiando a ironia que ele usava pra falar comigo.  - Pedi para o porteiro, ouvi você discutindo com um cara no telefone, suas frases me inspiraram para escrever aquela música que você leu. — por isso eu estremeci. "Como eu queria chegar a casa e ver você deitada na cama me esperando, Dani" a frase do ex-namorado tocou a minha mente.
- Bom saber que você ouve minhas conversas. — Alex começou a rir e me olhou nos olhos. Estremeci com o olhar quente dele, depois de olhar diretamente, eu não consegui mais desvencilhar.
- Você fala meio alto, Dani... - Levantei-me indo pegar o café na cafeteira colocando lentamente o café sobre duas xícaras. Ele estava sabendo demais. E era eu quem queria saber como ele havia parado bêbado na minha porta.
- Quero saber sua história, Alex. — Dei uma xícara para ele, demorou um bom tempo para que ele tomasse um gole e se recuperasse. Alex colocou o dedo em baixo do queixo como se estivesse pensando, e ele ficou incrivelmente bem fazendo aquilo.
- Namorei uma menina chamada Arielle, ela era bonita, legal e tudo mais, mas era uma vadia, do nada ela sumiu, do nada me largou... Ontem fui a casa dela, pedir desculpas e conversar amigavelmente ela foi fria, fechou a porta na minha cara... — Alex parecia estar a ponto de prender o choro. Sentei ao seu lado e ele sorriu, mas era algo vazio, triste, quieto... Doeu-me no coração o vê-lo daquela maneira. Mordi meu lábio inferior e me deixei me levar pela vontade de tocá-lo, eu segurei seu rosto e o virei ao encontro do meu, seus olhos castanhos brilhavam cheios de água, lágrimas, seu rosto era fino, lindo, seus lábios altamente sedutores, e o cabelo bagunçado lhe caía muito bem é... Ele devia ser um rockstar famoso. — Tem outra mulher também... Mas ela nem me olha, não sei o que ela tem, parece que não me vê. Está sempre ocupada, preocupada, mas quando sorri tem o sorriso mais lindo de Nova York. — Ele me olhava nos olhos, seria eu aquela mulher? Revirei meus olhos internamente por aquilo, claro que não. Não sei se era seu charme de estrela da música, mas, a forma na qual ele me olhava era como se estivesse desesperado para dizer algo, seus olhos castanhos se desviaram olhando o teto, ele ficou ali, olhando para o alto, então percebo que ele estava fungando finalmente entendi, ele estava chorando... — Desculpe Daniela  — ele pediu sem graça, seu olhar se encontrou de forma cautelosa com o meu, uma lágrima escapou de seu olhar e pude sentir meu rosto corar ficando sem graça, meu corpo estremeceu, minha vontade era de encher Alex de beijos, uma vontade um tanto quanto estranha para quem eu mal havia conhecido. — Eu tenho um show mais tarde, melhor eu ir... — Seus lábios perfeitos tocaram minha testa, e sua mão correu pelo meu cabelo. Mais uma vez estremeci e sentir meu corpo se cobrir de arrepios — Quero que você vá ao meu show hoje, leve uma amiga, diga ao porteiro que você é Daniela Turner — ele disse com um sorriso, o acréscimo do sobrenome dele ao meu nome fazia parecer que eu era esposa dele, não sei se aquilo era uma piada ou era sério. Só sei que eu fiquei olhando para ele com um sorriso idiota — Que você vai entrar sem precisar de ingresso. — ele sorriu me levantei e o segui até a porta do apartamento, abrindo, com certo pesar, certa tristeza de deixá-lo ir embora, mas eu tinha que deixá-lo  ir, ele sorriu para mim uma última vez e seguiu novamente até a porta do 505 parando no meio do caminho para acender um cigarro e depois seguindo seu caminho. Cansada de ficar olhando tratei de ir até meu quarto e procurar no Google sobre Alex Turner. Ver-me de frente com fotos atrás de fotos dele era assustador. Fotos mais antigas mostravam um Alex de rosto infantil e com um sorriso bobo habitando seu rosto, vi sem querer um sorriso parecido surgir em meu rosto também, certo calor correu sobre minha face, me fazendo tirar um fio de cabelo do rosto, então, me deu uma vontade louca de correr e abraçá-lo, uma coisa tão  maluca que me fez estremecer, procurei por mais informações e percebi que era verdade, ele era famoso, tinha até uma página bem recheada sobre ele na Wikipédia, e a banda dele, os tais Arctic Monkeys se apresentaria numa casa de shows perto daqui. Liguei para Marie Jane, minha melhor amiga. Ela conhecia tudo sobre a noite nova iorquina, e estava bem mais acostumada que eu a sair, ao contrário dela, eu era fã de ficar em casa. E certamente ela conheceria o Arctic Monkeys.
Busquei meu celular na sala e digitei um pouco trêmula pela recente visita de Alexander. Ele me deixou tão, esquisita, que eu mesma não me reconheci. O telefone começou a tocar e o encostei levemente na orelha enquanto ia até o quarto e colocava a faxina em dia. Deixando o computador de lado. Observei meu quarto, estava tudo uma bagunça. Roupas espalhadas sobre a escrivaninha, livros e cadernos soltos pelo chão, isso sem contar nas embalagens de Kit Kat, Hershey’s, M&M’s e qualquer outro tipo de chocolate que eu costumava comer enquanto assistia a minha sessão de filmes de menininhas semanal. A de anteontem havia sido 500 dias com ela, eu amava o trabalho da Zooey Deschanel e tinha uma baita queda pelo Joseph Gordon-Levitt, mas ao contrário do que eu esperava aquele era um filme que levemente lembrava meu ex-namorado...

Ele parecia completamente concentrado no celular enquanto eu estava sentada ao lado dele completamente concentrada no volume de “Os Sofrimentos do jovem Werther” de Goethe, que havia em minhas mãos, era parte de um trabalho para a faculdade, mas estava sendo um pouco prazeroso, olhei para o lado e percebi o quanto sua barba estava para fazer, e o quanto ele parecia cansado. Retirei o livro do colo e pedi que ele deitasse com sua cabeça sobre mim, e ele o fez. Observei seu rosto, e não falei nada, apenas observei. Eu sentia realmente a falta dele, só nos víamos aos fins de semana e olhe lá. Aproximei meu rosto com a intenção de beijá-lo.
- Daniela, não... – ele protestou se afastando de mim, ergui uma de minhas sobrancelhas, marquei a página que lia do meu livro e o deixei de lado, vendo que uma nova discussão iria começar. – Você fica me agarrando aí... Eu to cansado. – eu amava beijar os lábios dele, quando nos encontrávamos, a única coisa que eu conseguia desejar era beijá-lo, recentemente ele me recebia sempre com muitas rejeições. Dizia que estava e agarrando, e que ele sempre, SEMPRE estava cansado.
Senti meus olhos se encherem de lágrimas enquanto ele fechava os olhos e dormia em meu colo.
Quando eu o chamava, eu gostava de passar um tempo com ele. Mas, recentemente ele até vinha, mas, dormia enquanto estava comigo, recusava meus beijos, e aparecia sempre reclamando de algo novo, seja dos meus filmes, meus livros, e até meu gosto musical. Ele tinha a péssima mania de achar que só havia Heavy Metal de música boa no mundo, fazendo com o que meu gosto musical que era uma mistura de pop dançante com rock clássico fosse constantemente criticado.
Naqueles dois últimos meses eu comecei a ver que nosso namoro estava indo por água a baixo.