Lie to Me: Capítulo I

- Vamos lá, Kylie. – A mulher disse para ela mesma enquanto ajeitava o vestido de festa preto e passava por entre a porta com detalhes dourados. “Isso é só uma missão”. Ela disse para ela mesma enquanto entrava no salão e observava aquele montes de pessoas com champanhe na mão e conversavam entre si. “Eu tenho que me enturmar, fazer parte do ambiente.”. Não demorou muito para que a mesma estivesse indo em direção ao bar, ela sabia que lá era o melhor lugar. Observou o ambiente, ela sabia que tinha um alvo, mas não o encontrou, se virou até o bar e fez um sinal para a garrafa de vodka e logo depois para o limão, o barman, que ficou um pouco atordoado com a beleza estonteante da mulher, após ficar um minuto fitando-a com os olhos verdes arregalados, logo deu três piscadas rápidas e foi em direção até as bebidas, colocando uma dose para a mulher num copo de Martini, ela assentiu para o homem e deu uma piscadinha, ele ficou ainda mais atordoado e ela sorriu, sabia que geralmente causava essa impressão nos homens. Ela se virou e jogou seus enormes cabelos ruivos para trás deixando o pescoço a mostra. Ela deu um gole, a bebida além de estar gelada estava forte e era daquele jeito que ela gostava, no fundo, tocava animadamente uma música do Daft Punk, Get Lucky mais exatamente. Ela observou o lugar e resolveu ir em direção a área de Cassino, a festa acontecia em Monte Carlo, um lugar lindo para que ela pudesse fazer sua missão.
Kylie Reed era uma espiã particular, não gostava muito de trabalhar para a rainha, preferia trabalhar para mafiosos, criminosos, e etc., eles pagavam melhor e era mais divertido, tinha mais mobilidade, mas a parte ruim era que ela sempre que tinha algum ferimento grave, não tinha a que nem a quem recorrer.
Naquela noite ela estava procurando um como ela, ela procurava por Alexander David Turner, ela seria a responsável por levá-lo a morte, ela não iria matá-lo, mas o seu cliente sim. Ele fora o espião responsável por matar e denunciar um esquema de seu cliente, ele não quis deixar barato então contratou Kylie.
A ruiva bebericava de seu drink incolor, ela girou seu olhar pelas mesas de pôquer, roleta, caça níqueis mas não encontrou o moreno que tanto procurava, seus olhos não paravam no mesmo lugar e ela percebia com clareza que maioria das pessoas a observava. Ela sabia que daquela maneira nem o Turner resistiria e ela tinha certeza. Ela tentava se concentrar no que fazer, tentava se concentrar no que teria que fazer, mas estava começando a imaginar que tinha ido lá a toa, ou que a informação havia sido dada errada. Será que ele não era loiro ao invés de moreno?
Ela tentou usar uma técnica que nunca falhava, iria a um lugar alto e discreto de onde ela pudesse ver o seu alvo com facilidade, observou o ambiente e procurou por um lugar alto, viu um pequeno elevador num canto reservado perto de uma parede de espelhos, ao lado do mesmo havia um sofá onde um casal de adolescentes se agarrava, ela procurou não fazer careta nem ficar encarando a coisa indecente que acontecia ali, ela respirou fundo e focou naquela porta metálica e apertou no botãozinho para subir, o elevador já esperava no andar e ela entrou, apertou o botão de “2” e não demorou muito para que ele subisse.
Ela escutou a música chatinha de elevador e se olhou no espelho, seus olhos azuis estavam impecáveis ao redor da sombra escura, seus cílios cheios e seu batom vermelho, ela sorriu maliciosa enquanto o elevador se abriu e ela andou lentamente passando pela grade de vidro que mostrava a pista lotada ali em baixo, mas na verdade ela não vira nada, respirou fundo e percebeu que era hora de dar um tempo, esvaziar a mente. Ela olhou para trás e foi em direção a uma porta que dava para uma sacada. A lua estava enorme e brilhante, o céu estava estrelado, ela foi até a grade de mármore branco e se encostou na mesma.
Ela não sabia exatamente o que fazer, já havia procurado por todos os cantos da festa, tentou dizer a si mesmo que era cedo, que um homem como aquele não chegaria na hora máxima da festa. Ela estava tão imersa em seus pensamentos que nem percebeu quando o elevador deu um pequeno estalo e a porta se abriu, sequer escutou os passos de sapato Prada, não conseguiu escutar nada, mas pode sentir quando o cheiro de colônia e cigarro importado se aproximou do pescoço dela, o ar quente tocou o pescoço da mesma e suas mãos tocaram em sua cintura, ela viu sua mente apagar e lentamente sentiu os lábios finos do rapaz tocar sua orelha.
- Quem é você? – Ela disse, não falou alto, apenas sussurrou enquanto sentia uma das mãos correr até seu cabelo e deixar parte do seu pescoço a mostra, ele soltou uma risadinha fraca, grossa e rouca, e logo depois correu o polegar pelo pescoço dela constatando o que já sabia que encontraria, ela estava toda arrepiada. Ele passou levemente seus lábios pelo lóbulo da orelha dela envolvendo com cuidado.
- Turner. Alex Turner. – Kylie encontrou quem procurava. Ele disse aquilo seguindo de um sorrisinho, ela sabia que ele queria provocá-la. Ela se virou levemente de frente para ele enquanto o moreno passava o braço sobre ela tocando a sacada e a encarando aproveitando a proximidade entre seus corpos. Kylie o observou, seus olhos eram enormes e castanhos, seu cabelo estava arrumado em um topete perfeito, seus lábios eram finos exatamente como ela imaginara, ele usava um terno todo preto apenas com a gravata azul-marinho. Ele passou a língua por seus lábios e a encarava fixamente, ela se perguntava que tipo de homem era aquele por que ela nunca havia visto como tal. Ele a encontrou enquanto ela o procurava.  – E você, quem é?
- Reed. Kylie Reed. – Ele passou o polegar pelo lábio que sorria e virou levemente a cabeça para trás deixando a mostra o pescoço que ela parecia estar prestes a atacar. – Como você me encontrou? – Ela perguntou.
- Estive atrás de você o tempo todo.