(dia 35)
- E aquela ruivinha
que você costuma sair às sextas? – Disse Matt enquanto eu afinava meu violão.
- Huh? – Disse e ele
revirou os olhos dando um gole na sua cerveja.
– Não sei nada dela. – Disse firme sem tirar os olhos das cordas sendo afinadas.
- Como é o nome dela?
– Insistiu, mas eu nem sequer ousei olhá-lo, eu sabia o que ele queria saber e
eu sabia muito bem a resposta e não estava a fim de dizer em alto e bom som. –
Porra brother, ela vem aqui sempre... – Disse ele sentando-se ao meu lado e
tirando o violão do meu colo. – Qual é... – Disse debochado.
- Eu preciso compor,
porra! – Disse o olhando sério. Ele olhou pras unhas e balançou as pernas
mostrando que estava muito a fim de saber o que perguntou. Levantei-me e sai dali indo para o meu
quarto. Matt inconveniente como sempre veio atrás de mim parando na porta. –
Cara, me deixa em paz. – Disse sério e fechei a porta do quarto. Ouvi um ‘’Para
de ser chato Alex” e apenas peguei o maço de cigarro que estava em cima da cama
junto com o isqueiro, havia apenas um dentro da caixa, e o joguei no chão com
força, pegando minha carteira em cima da mesa e as chaves do carro. Abri a
porta na esperança de não ter o Matt na minha cola e a minha sorte estava ali.
Atravessei a sala rapidamente, não queria responder um questionário sobre
Claire, eu nem sabia as respostas sobre ela ou sobre nós.
- Não vai falar mesmo
né? – Ouvi a voz de Matt e apressei-me para sair dali.
**
Dirigi sem rumo certo, eu queria vê-la novamente e
explicar o motivo do sumiço e das palavras duras. Eu já chegava perto da sua
universidade, uma ironia do destino talvez. Mas no fundo, eu sabia para onde
estava indo e por quê. O que eu estava fazendo afinal de contas? Estacionei o
carro do outro lado da rua e a observei. A amiga dela cutucou-a e apontou para
onde eu estava, pensei em acelerar o carro quando Claire virou-se e me viu a
encarando. Não daria pra fugir, não agora. Tirei os olhos dela e me concentrei
no volante, mordi os lábios esperando o momento em que ouviria a voz dela me
chamando de Turner.
- Turner, o que faz aqui? – Disse e a olhei. Estava a
poucos metros da janela e se encontrava com os braços cruzados.
- Parado, estava passando e resolvi parar – Disse sério e
cocei a nuca, um sorriso formou-se nos lábios dela e eu confesso que fiquei
confuso. – Quer entrar? – Disse sem nem pensar, ela sorriu de canto.
- E por que eu entraria? – Disse ainda com seu sorriso.
- É sexta. – Disse e a olhei firme. – Entra. – Disse e
ela continuava imóvel. Continuava a encará-la, queria intimida-la ou seduzi-la,
o que a fizesse entrar. – Entra nessa droga de carro, Claire.
- Você é
inacreditável, Alex. – A ouvi dizer e depois a porta do carro se abriu,
fechando-se em seguida. Arrisquei olhá-la e encontrei seus olhos claros me
fitando. – Por que fez aquilo? – Disse por fim e eu tamborilei meus dedos no
volante. – Sério, sua atitude foi tão infantil e tão – A interrompi.
- Não venha com essas
falas decoradas de que eu fui infantil, Claire – Disse calmamente. – Você age
como se fosse à dona da razão e que só você está certa – Disse olhando
novamente para frente.
- Ah, e você ficou
magoadinho foi? – Seu tom era de deboche. – Alex, você que causa essas coisas,
aguente o que é lhe respondido. – Disse-me.
- E você não fica
magoadinha quando eu não te peço pra ficar depois da transa? Para de se fazer a
santa – A olhei e ela encostou a cabeça no banco do carro respirando fundo.
- Por que estamos
tendo uma D.R? – Disse com os olhos fechados.
- Isso não é uma D.R,
definitivamente não. – Disse e abaixei o som do carro. – Escuta, desculpa por
ter sido um babaca. – Disse e a encarei. – Eu acabei descontando em você o meu
mau humor.
- Tá tudo bem, não foi
nada. – Disse e me fitou daquele jeito sensual que ela tinha, mexeu no cabelo,
colocando um pouco para trás e eu acompanhei cada movimento. – Você está me
desejando não é mesmo? – Sua voz invadiu meu ouvido e eu sorri de canto.
Depositei minha mão em sua coxa exposta pela saia que usava e a apertei.
- Claire... Claire...
– Acariciei sua coxa novamente e suas mãos foram para meu rosto. – Vamos pra
minha casa? – Disse e ela se afastou um pouco.
- Não, vamos para a
minha hoje. – E tirou minha mão da sua coxa e se afastou de mim. – Vá, ligue
esse seu carro, Turner, que eu te falo o caminho – A olhei mais uma vez e
comecei a dirigir.
**
Como se não bastasse Arielle do meu lado tentando puxar
assunto e contar como foi viagem, Claire se encontrava em um estado perfeito,
conversava com seus amigos distraidamente e eu não consegui tirar os olhos
dela. Bebia um pouco da minha cerveja, mesmo sabendo que precisaria de algo
mais forte.
- Eu sei sobre ela. – Fui interrompido dos pensamentos
quando a voz de Arielle atingiu meus ouvidos. A olhei tentando parecer confuso,
mas ela era esperta demais para não perceber meus olhares para a ruiva do outro
lado da boate. – Eu não sou idiota Alex, eu tenho acesso à internet sabia? Eu
vi todas as fotos de vocês dois juntos. – Disse e eu respirei fundo.
- Olha me desculpa tá legal? Eu fui fraco. – Disse e olhei
para Claire novamente que agora me olhava descaradamente.
- Vocês são todos iguais – Disse Arielle cruzando os braços.
– Quando chega uma carne nova, vocês correm para desfruta-la. Mas normalmente,
carnes novas envelhecem também e deixam de serem novidades. – A olhei e rolei
os olhos. – Uma universitária qualquer Alex, jura? Achei que tinha um gosto
melhor. – Disse ela bebendo sua cerveja e me olhando cinicamente.
- Talvez você tenha virado carne velha mesmo Arielle, ainda
bem que você chegou à conclusão sozinha. – Disse irritado e me encaminhei ao
bar pedindo uma dose forte de qualquer liquido que havia ali.
- Mas eu ainda estou aqui por você. Não troque um
relacionamento de anos por um mero caso, Alex eu te amo! – Disse Arielle e os
olhares voltaram-se para nós.
- Mas eu não te amo porra! – Disse exaltado e todos
continuaram a olhar-nos assustados. Respirei fundo e mordi os lábios tentando
me controlar. Arielle tinha lágrimas nos olhos e eu olhei para cima tentando
não falar mais nada.
- Tudo bem. Você está bêbado e não está falando nada com
nada – Disse ela e eu tentei falar, mas fui impedido. – Refresca sua memória e
lembra bem que esteve do seu lado o tempo todo. – Disse Arielle saindo do local
e indo em direção à porta. As pessoas voltaram a dançar e não prestar mais
atenção em nós.
Meu olhar se voltou para Claire que me olhava confusa, ela
saiu em direção a sacada e eu fiz menção de ir atrás dela, mas fui tarde
demais. Um homem mais velho e alto a abordava com sorrisos e caricias. Fiquei
olhando-os confuso e tentando entender. Ele a abraçou e pegou em sua mão, se
dirigindo para a porta de mãos dadas.
- Alex? Está tudo bem cara? – Senti a mão de Josh no meu
ombro e eu assenti.
- Tá tudo certo. – Forcei um sorriso.
- Isso cara, vamos beber! – Disse meu amigo me dando mais
uma garrafa de cerveja.
**
Isso foi totalmente estranho. Arielle brigou com Alex na
frente de todos e eu poderia ouvir ela mencionar outra mulher e direcionar seus
olhares fulminantes para mim. Eu estava incomodada, ao mesmo tempo em que eu queria
mostrar para ele que estava numa boa e que ele não era importante, o peso de
seus olhos em mim me tirava do sério e me deixava desconfortável. Fui em direção à sacada da boate para tomar
um ar e colocar a cabeça no lugar, mas senti duas mãos grandes em meu braço.
Virei-me e era Tom. Meu professor de história antiga na faculdade.
Ocasionalmente, o professor pelo qual mantive relação durante algum tempo.
- Olá, Claire. – Disse ele em um tom carinhoso. Retribui o
pequeno sorriso, mesmo meus olhos percorrendo o local atrás do Alex. – Ansiosa para
a viagem? – Disse com suas mãos pousadas em meus ombros.
- Definitivamente. Novos ares vão me fazer bem. – Disse e ele
puxou um sorriso malicioso no canto de sua boca.
(dia 46)
- Então é assim que foi o dia D da segunda
guerra mundial – Dizia meu professor de história antiga. Minha matéria favorita
desde a quinta série. – Alguma pergunta? – Por fim, o charmoso do senhor Muller
disse olhando para mim com seus grandes olhos cor de mel e um sorriso de
bambear qualquer mulher. – Claire? – Disse-me. A atenção foi voltada para mim e
Kate já sussurrava atrás de mim algumas bobagens.
- Huh? – Disse para
ele e ele arqueou a sobrancelha. – Hum... E Hitler? Qual o final para ele? –
Disse por fim a única coisa que passou pela minha cabeça, já que segundos antes
eu estava concentrada no homem maravilhoso que estava a minha frente.
- Bem... Não se sabe
ao certo – Parece um filme, eu via seus lábios se movendo em câmera lenta, sua
barba por fazer dava um ar de homem sexy mais velho, solteiro, professor de
humanas. – Entendeu Claire? – Fui despertada quando ouvi Kate falando ‘’acorda
tonta’’ e o olhei com cara de boba e sorri de lado.
- Com certeza,
professor – Disse e sorri mais amigavelmente.
- Qualquer dúvida
passa na minha sala, eu acredito que já saiba o caminho – Disse e virou-se para
escrever na lousa. Ouvi alguns murmúrios e virei-me para Kate que me cutucava.
- Passa esse mel? –
Disse ela rindo e eu apenas ri junto a ela. – E você, vai mesmo passar lá mais
tarde? – Disse-me.
- Acho que sim, estou
em dúvida sobre essa tal morte de Hitler – Disse e mordi os lábios para
comprimir a risada.
- Mas e o Alex? Hoje é
sexta, normalmente as sextas vocês se escondem e transam pra caralho –
Disse-me. Sempre me lembrando de quem não deveria ser lembrado.
- Ele não tá merecendo
– Disse séria e minha amiga bufou.
- Vocês se provocam,
um tem que aguentar as consequências do outro, e dessa vez, você aguentou –
Disse ela e eu me ajeitei na carteira, virando-me para frente.
Eu não sou uma vadia
fria e sem sentimentos. Eu apenas estou na zona confortável, tenho alguém pra
transar no final de semana e esse alguém de certa maneira era especial. Alex
era algum tipo de amigo colorido, afinal trocamos intimidade sempre que
pudemos. Mas, eu não sei até que ponto é essa amizade, não temos conversas
depois do sexo, nunca falamos sobre sua banda ou sobre minha faculdade, as
coisas que sei sobre ele é o que consegui na Wikipédia. Alex é do tipo da
noite. Ele já demonstrou várias vezes que sentimento ali é algo raro,
precisa-se de muito jogo de cintura pra conquista-lo, às vezes, quando dormimos
depois do sexo, eu olho pra face dele e tento desvendar o que está se passando
naquela mente, que, se não doentia, perturbada era. As olheiras sempre visíveis
demonstrando a má qualidade de seu sono e o cinzeiro sempre cheio. Alguma
frustração o rondava, algum mistério. Mas afinal, quem sou eu pra tentar
desvenda-lo?
- Tá, eu sei que você
pensa muito e calcula tudo e todos, mas da pra acordar pra gente ir embora? –
Ouvi a voz de Kate ao fundo e abri os olhos de repente. – Vamos pra casa Freud
– E ela foi em direção à porta, levantei-me guardando meu material e a segui.
Segui com Kate pelos
corredores, os olhares e murmúrios sobre mim eram constantes, afinal todos ali
sabiam que eu era a queridinha do professor de História e que eu já havia
deixado a entender que eu adorava aquilo. Ao contrário de Alex, Thomas Muller,
era um cara atencioso e sempre me agradava, pelo menos sempre que podia. Os
encontros às escondidas deixavam aquilo tudo mais excitante. Paramos em frente
à sala que eu ficaria, Kate apenas me olhou cúmplice e continuou andando pelo
corredor até desaparecer. Bati na porta e logo ela foi aberta, revelando o
lugar mais historiado da face da terra, a sala do senhor Muller.
- Que bom que veio
tirar suas dúvidas Claire – Disse Tom em alto e bom som para que as pessoas que
nos encaravam ouvissem. – Por favor, entre. – Disse dando passagem para que eu
entrasse e fechando a porta em seguida.
Não tive tempo de
jogar minha bolsa em qualquer canto da sala, fui prensada contra a parede e
logo os beijos molhados de Tom chegavam ao meu pescoço, totalmente exposto.
Levei minhas mãos para sua nuca e brinquei com os pequenos fios de cabelo que
ali se encontravam, arranhando levemente um pouco da região. Thomas apertava
minha cintura e subia suas mãos até minha costela, fazendo um carinho
arrepiante no local.
- Achei que nunca mais
viria – Disse ele separando seus lábios do meu pescoço e encostando seu nariz
no meu, suas mãos agora se encontravam em meu rosto. – Por que sumiu? –
Disse-me. Foi inevitável lembrar-me do motivo do meu sumiço, e que Alex Turner
estava envolvido. A verdade era que, mesmo eu e Turner selarmos a nossa relação
como apenas casual, eu não me envolvia com mais ninguém além dele, desde que
nos conhecemos em um pub.
-Estive ocupada. –
Respondi fraca, sua pélvis encostada em minha cintura não me davam condições de
responder adequadamente, acabou soando como uma desculpa esfarrapada para a
minha mentira. – Me beija, estou com saudades – Disse e assim o fez. Selando
nossos lábios.
Tom me apertava
deliciosamente e eu já não estava mais com minha sanidade, eu gostava da
sensação que ele me causava, mas parecia que não estávamos completos, seus
toques estavam mais amenos e seu beijo não era mais o mesmo. Eu não conseguia
me concentrar e isso foi deixando as coisas esfriarem, ele separou nossos
lábios e me olhou confuso. – Algo de errado? – Disse-me. Olhei para baixo e
torci os lábios.
- Eu tenho que ir, Tom
– Disse e sai de seus braços. Ele ficou parado me olhando preocupado, enquanto ajeitava minha roupa. – Desculpe. –
Disse e sai de sua sala.
O que eu estava
fazendo com a minha vida mesmo? Saindo com o professor, saindo com o astro do
indie rock ao mesmo tempo? Isso é considerado poligamia? Pensei e chacoalhei a
cabeça para desvencilhar os pensamentos. Senti meu celular vibrar, olhei para o
visor e vi o número conhecido.
Alex Turner calling.
- Diga Turner – Disse
enquanto me direcionava para os portões da universidade.
- É sexta. – Disse
uníssono. E eu apenas rolei os olhos e soltei uma risada baixa.
- E o que isso tem a
ver, Alex? – Disse fazendo-me de desentendida.
- You know - Disse e eu suspirei.
N/A: Oi princesas. Dois recadinhos: Desculpem pelo capítulo fraco, estou mesmo sem criatividade e parece que algumas coisas tem contribuído para que eu não escrevesse. Segundo, eu estou desanimada com a história e por mais que eu goste dela, ainda assim, não sinto -aquela coisa- que eu deveria sentir escrevendo-a. Enfim, era só isso que eu tenho a dizer e desculpe pela demora. beijos Anne.
Perfeita!!!!! :D
ResponderExcluirEngraçado que discordo totalmente de você, esse capítulo está incrível! E não digo isso para puxar saco nem nada. Sério, quantos conflitos... e você deu conta de todos eles! Nada ficou vago. O Alex discutindo com a Arielle, so cruel! A Claire e o professor Muller. Socorro... Essa menina me deixa maluca, no bom e no mau sentido. Quebro a cabeça tentando entende-la. Não sei se ja leu, mas ela me lembra de algum modo a Alasca do John Green. Sem contar o toque de Summer+Jordana. Ou seja, ela tem um pouquinho das personagens mais difíceis! E devo dizer que adoro o modo como lida com isso. Você domina perfeitamente os personagens. Continua, Anne, sua história é inteligente e linda. Toda vez que leio STYH vem uma avalanche de pensamentos que não consigo transcrever em um comentário. Nossa... Quero mais. Beijo.
ResponderExcluirStep
Step, sua linda. Muito obrigada pelo seu comentário. E sim, eu li "quem é você, Alasca" e não tinha ligado os pontos. Talvez Claire seja uma mistura de Alasca+Jordana+Summer. Mas ainda assim, ela tem um jeito único. Morre de medo de se entregar ao Alex e antes que isso tivesse tomado a proporção que tomou, ela era uma ''vadia'' se pudemos classifica-la. Haha. Será Alex um Miles? Oliver? haha beijos minha linda.
ExcluirEssa fic é amor demaaais! *-* Não desanima não, ela tá ótima!
ResponderExcluirEssa fic é amor demaaais! *-* Não desanima não, ela tá ótima!
ResponderExcluirEssa fic é amor demaaais! *-* Não desanima não, ela tá ótima!
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